10 Dicas simples para nunca mais errar vírgula na Redação

A vírgula é um dos temas gramaticais que mais causa erros na hora da redação do Enem. É difícil encontrar alguém que não tenha essa dúvida sobre como saber onde colocar a vírgula.

Ela realmente é um tema complexo, porque depende muito de conhecimento gramatical, de análise sintática, de identificar as partes da oração e todo esse conteúdo cheio de nomes técnicos que, na época da escola, pelo menos, a gente simplesmente não quer saber e não entende nada!

Escrito pelo professor André Gazola

André Gazola é professor de redação e língua portuguesa há 15 anos, foi avaliador de redações do ENEM por 3 anos e já levou centenas de alunos à aprovação em cursos concorridos como Medicina e Engenharia, em universidades federais e privadas. Além disso, foi orientador de artigos e TCCs em cursos de graduação por 4 anos e hoje é um grande entusiasta da inteligência artificial aplicada à educação. Atualmente produz conteúdo sobre redação para o Youtube, Instagram e Tiktok, além de gerenciar seus próprios treinamentos: o Meu Sonho de Redação e o ProfGPT.

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Até porque muitas vezes é ensinado de uma maneira meio errada…

Então nesse texto eu vou mostrar 10 regras pra você nunca mais errar vírgula numa redação, incluindo casos de quando não se pode usar vírgula.

São só essas 10 regras que existem?

Não! A gente consegue elencar mais de 30 regras para uso da vírgula, só que essas outras, que eu não vou falar, não são muito importantes para a redação do ENEM, porque geralmente elas são utilizadas em outras situações que não seja o texto dissertativo-argumentativo.

Então, até para simplificar e facilitar sua vida, eu separei a 10 regras mais importantes o uso da vírgula.

Antes de mais nada, eu já quero passar para a última etapa, que é o exercício de vírgula e pontuação.

É o seguinte: essa frase foi escrita num bilhete por uma pessoa que estava no fim da vida:

Deixo minha fortuna a meu sobrinho não à minha irmã jamais pagarei a conta do alfaiate nada aos pobres

O problema é que o autor da frase não fez nenhuma pontuação e bateu as botas antes de conseguir fazer isso.

O desafio é você reescrever essa frase quatro vezes, uma imaginando que você é o sobrinho, outra imaginando que você é irmã, outra imaginando que você é o alfaiate e a última imaginando que você faz parte desse grupo dos pobres.

Em cada uma delas, usando apenas a pontuação (não precisa ser só vírgulas), você vai deixar a herança pra uma pessoa diferente.

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Dito isso, a gente vai para as regras de vírgula para você nunca mais errar na redação.

Dica 1: Vírgula entre Sujeito e Verbo

Não se pode usar vírgula para separar sujeito e verbo.

Essa é a primeira regra de não uso da vírgula e a situação em que eu mais vejo as pessoas errarem.

Sabe por quê? Porque na escola, no geral, a gente sai de lá com essa ideia da vírgula como sendo usada para pausas na fala.

A questão é que a vírgula não é usada, ela não existe, para identificar pausas na fala; ela existe para separar elementos gramaticais dentro da estrutura sintática.

Ah! Isso dificulta um monte, professor André!

Dificultou um pouco, sim, mas se a gente primeiro tomar consciência de que, independentemente de onde a gente pausa na hora de falar, a gente não tem que usar vírgula por causa disso — porque, inclusive, cada pessoa faz pausas em momentos diferentes, dependendo da região em que mora, dependendo de um monte de elementos.

Então, primeira regra: não se usa vírgula para separar sujeito e predicado.

Exemplo:

Todos os alunos daquele professor, entenderam a explicação.

Essa vírgula está errada!

Qual é o sujeito da frase? “Todos os alunos daquele professor”.

Qual é o verbo? “entenderam”.

E a regra é: não se separa sujeito e verbo por vírgula.

Eu entendo perfeitamente que muitas pessoas na hora de falar fazem uma pausa entre esses trechos, mas repito: não se trata de pausas na fala.

Então leve essa primeira regra — e mais importante de todas — para sua redação.

Ah, professor, eu não sei identificar o que é sujeito, o que é verbo, o que é complemento etc.

Então você precisa estudar gramática. Não importa se você gosta ou não. É uma necessidade para escrever boas redações.

A gramática que eu mais uso no meu dia a dia e que eu indico para todo mundo é A Gramática, do professor Fernando Pestana. Ela tem todos os conteúdos da língua portuguesa, é muito didática e até divertida às vezes, trazendo 1300 exercícios comentados e com gabarito de todos os conteúdos.

Inclusive vários dos exemplos que eu tô trazendo aqui nesse texto são retirados ou adaptados dessa gramática.

Dica 2: Antes de “como” abrindo uma enumeração, explicação ou exemplificação, equivalendo a “por exemplo”

Veja este exemplo:

O Brasil possui reservas naturais esplendorosas, como o parque x, o parque y e o parque Z.

Olha só: usei a palavra como e essa palavra abre uma enumeração.

Eu estou enumerando os parques. Portanto, antes dessa palavra como, se coloca uma vírgula.

Quando a gente faz uma exemplificação numa redação, que é muito comum, usamos essa palavra como e coloca-se a vírgula antes.

Se a gente utilizasse a expressão por exemplo, também usaríamos a vírgula.

O Brasil possui reservas naturais esplendorosas, como, por exemplo, o parque x, o parque y e o parque Z.

Dica 3: Para separar orações subordinadas adverbiais

Ih, professor! Começou com esses nomes malucos.

Olha, vamos simplificar a questão:

  1. O que é uma oração? É uma frase que tem um verbo
  2. O que é uma oração subordinada? É uma frase (que tem um verbo), cuja ideia é parte de uma outra frase principal
  3. O que é um oração subordinada adverbial? É uma frase (que tem um verbo), cuja ideia é parte de uma outra frase principal, mas essa ideia expressa lugar, tempo, modo, circunstância, condição, instrumento, finalidade e tantos outros significados que são trazidos pelos advérbios.

Veja esse exemplo:

Quando aconteceu a tragédia, a população mostrou-se impressionada.

Vamos trabalhar só com a primeira parte Quando aconteceu a tragédia.

Isso é uma oração? Sim, tem o verbo aconteceu.

Isso é uma oração subordinada? Sim, porque fica faltando uma parte da ideia. Essa frase é ligada a outra oração, chamada de oração principal (a população mostrou-se impressionada).

Isso é uma oração adverbial? Sim, porque expressa ideia de tempo.

A regra é simples: para separar uma oração subordinada de sua oração principal, usamos vírgula.

Outro exemplo:

Alguns vilões, assim que aparecem nas primeiras cenas das novelas, parecem bons.

Perceba o trecho “assim que aparecem nas primeiras cenas das novelas“. Não tem sentido de tempo? Tem! É uma oração? Sim, porque tem o verbo aparecem e é subordinada porque depende da ideia da oração principal. Logo, ela fica entre vírgulas.

Mais um exemplo:

Não devemos argumentar em torno da ociosidade, se quisermos evoluir nesse aspecto da vida.

Note o trecho “se quisermos evoluir nesse aspecto da vida”. Veja como ele é uma oração que expressa uma condição e está ligado a uma ideia principal que vem antes. Novamente concluímos, então, que precisamos separar as duas orações por vírgulas.

Isso aqui é um conteúdo gramatical um pouco mais complexo, mas acho que você conseguiu entender: oração subordinada é aquela oração que tem um verbo, depende do significado de outra, que é a oração principal, e é adverbial quando indica tempo, lugar, circunstância, condição, instrumento e assim por diante.

Dica 4: Vírgula em adjuntos adverbiais com 3 ou mais palavras em início de frase

Da mesma forma, quando eu tenho adjuntos adverbiais em início de frase, eu vou separar por vírgula.

A gente acabou de dizer que o termo adverbial se refere a expressões que indicam tempo, lugar, circunstância, condição etc.

Nesses próximos exemplos, não temos uma oração adverbial, porque não vai ter verbo:

Cada vez mais, somos obrigados a conviver com a falta de serviços públicos básicos.

Atualmente as pessoas deixaram de preocupar-se com os problemas alheios.

Então as expressões “Cada vez mais” e “Atualmente” são chamadas de adjuntos adverbiais.

A regra de vírgula é que, quando iniciam frase e são compostas por 3 ou mais palavras (Cada vez mais), devem ser separadas por vírgula. Porém, quando compostas por menos de 3 palavras (Atualmente), a vírgula é facultativa, caso em que você pode dispensar seu uso.

Dica 5: Separa frases explicativas, conclusivas ou adversativas

Olha só o exemplo:

Deve-se buscar mais informações, pois a ciência não chegou a uma conclusão sobre o tema.

Perceba como a frase que começa com “pois” é uma explicação do que foi dito antes?

É por isso que separamos por vírgula.

O “pois” é uma conjunção explicativa, um tipo de conectivo comum nas redações.

Inclusive, o uso de conectivos está bastante ligado às regras de vírgula.

Outro caso:

As empresas privadas buscam unicamente o lucro, por isso o Estado deve intervir para que haja um equilíbrio.

O “por isso” é uma conjunção conclusiva, então separamos por vírgula.

Entenda que o importante não é você saber os nomes técnicos, mas entender a ideia que cada exemplo expressa.

Mais um:

A iniciativa privada deve buscar recursos para resolver a questão, mas nem tudo por ser resolvido assim.

Vê aquela vírgula antes do “mas”? Ele é uma conjunção adversativa, assim como o porém, o contudo, o no entanto, o entretanto e o todavia.

Uma observação importante: após uma conjunção adversativa em início de frase, sempre se usa vírgula! Ou seja: sim! Tem vírgula depois do porém em início de frase.

Exemplo disso:

Porém, todos são responsáveis por essas questões ambientais mais sérias.

Dica 6: Separa orações reduzidas, principalmente as iniciadas com verbos no gerúndio

Que diabo é isso, André?

Olha, é mais simples do que parece. Vamos olhar no exemplo pra facilitar:

Tudo isso é consequência dos problemas já citados, permitindo que a questão evolua ainda mais.

Olha a vírgula antes do “permitindo”.

Esse é um verbo no gerúndio, esses que têm a terminação -ndo (partindo, cantando, lembrando), e está introduzindo uma explicação sobre o que veio antes. Logo, coloco a vírgula para separar.

Eu não poderia, em hipótese alguma, separar com um ponto final, porque isso transformaria o trecho em uma frase truncada, desconexa, um período fragmentado, que é um erro típico da competência 1 na redação do ENEM.

Dica 7: Separa aposto explicativo

Essa é muito comum de ocorrer nas redações!

Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica.

Você tem primeiro o nome da pessoa, depois explica quem ela é. Simples! Separa essa explicação por vírgula.

Dica 8: Separa termos que interrompem a estrutura SVCA

A estrutura SVCA é: Sujeito + Verbo + Complementos + Adjuntos

Estrutura mais normal da Língua Portuguesa: Sujeito + Verbo + Complemento + Adjunto

Essa é a estrutura padrão da língua portuguesa. É a ordem mais natural para os elementos básicos de uma frase.

Então, a regra de vírgula é: qualquer coisa que estiver no meio dessa estrutura deve vir entre vírgulas. Veja:

O professor do curso, André Gazola, ministra aulas de redação.

S = O professor do curso

V = ministra

C = aulas

A = de redação

Aquele “André Gazola” não pertence a nenhum dos grupos, então vem entre vírgulas.

Outro exemplo:

O professor explicou pontuação, que é minha maior dificuldade, magistralmente.

S = O professor

V = explicou

C = pontuação

A = magistralmente

Aquele “que é minha maior dificuldade” veio de penetra na frase, então fica entre vírgulas.

Dica 9: Em títulos de livros, seguidos de nomes de autores

Esse você vai usar muito para contemplar a competência 2 na redação do ENEM!

Veja o exemplo:

O “Dom Quixote”, de Cervantes, é a obra espanhola mais conhecida no Brasil.

O nome do autor fica sempre entre vírgulas.

Dica 10: Vírgula antes do E

Não se usa vírgula antes do E!

Essa é a regra geral. Porém, note que a vírgula antes do E pode existir quando ela estiver desempenhando uma das funções que eu expliquei nas dicas anteriores, no sentido de intercalar algum elemento que esteja antes do E.

Além disso, a vírgula antes do E deve ser usada em um caso específico: quando o sujeito da frase que vem depois do E é diferente do sujeito da frase que vem antes do E.

Socorro, professor!

Calma, que eu mostro:

Muitos policiais estão envolvidos em corrupção e continuam a envolver-se.

Aqui NÃO usamos a vírgula antes do E, pois o sujeito da frase que vem antes do E é policiais, enquanto o sujeito da frase que vem depois do E também é policiais.

Mas veja este outro exemplo:

Muitos policiais estão envolvidos em corrupção, e os políticos não deixam para menos.

Aqui nós USAMOS a vírgula antes do E, porque o sujeito da frase muda na frase que vem depois dele — antes falamos dos policiais, depois dos políticos, sacou?

Pra você que curte uma explicação falada, em formato vídeo, pode assistir à aula completa sobre vírgula no meu canal do Youtube e, assim, nunca mais errar a vírgula nas suas redações!

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