Redação sobre Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil

O tema da redação do ENEM 2023 é Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil.

Assim que o INEP divulgou, entrei em live no Youtube para fazer uma redação completa do zero sobre esse tema, mostrando meu raciocínio, meu planejamento, citações, repertório e alusões históricas possíveis. Assista à live completa abaixo:

Escrito pelo professor André Gazola

André Gazola é professor de redação e língua portuguesa há 15 anos, foi avaliador de redações do ENEM por 3 anos e já levou centenas de alunos à aprovação em cursos concorridos como Medicina e Engenharia, em universidades federais e privadas. Além disso, foi orientador de artigos e TCCs em cursos de graduação por 4 anos e hoje é um grande entusiasta da inteligência artificial aplicada à educação. Atualmente produz conteúdo sobre redação para o Youtube, Instagram e Tiktok, além de gerenciar seus próprios treinamentos: o Meu Sonho de Redação e o ProfGPT.

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Tempestade de Ideias sobre o tema

cuidado dos filhos, trabalho doméstico, trabalho não remunerado, horas e horas, lavar roupas, fazer comida, cuidado de idosos, limpar a casa, servir o marido, cuidar do marido, cuidados com a saúde, escravidão velada, simone beauvoir, joan frederici, trabalhar fora, trabalhos típicos femininos, menos oportunidades para a mulher, menos lazer, menos vida social, mais preocupações, peso psicológico, dupla jornada de trabalho

Planejamento pré-texto

INTRODUÇÃO

  • contextualização histórica citando a escravidão
  • contraponto com a realidade atual
  • tese: 2 argumentos
    • oportunidades no mercado de trabalho
    • prejuízos em torno da vida social

ARGUMENTO 1

  • teoria da reprodução social, de silvia frederici
  • o mercado de trabalho/capitalismo é sustentado pelo trabalho de cuidado da mulher

ARGUMENTO 2

  • a mulher tem dupla jornada de trabalho
  • sem lazer, sem vida social, menos oportunidades, grandes responsabilidades

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO (QQCRD)

  • Quem – Ministério do Trabalho, em parceria com o setor privado
  • O quê – criar um sistema de remuneração para as horas de trabalho doméstico da mulher e promover atividades educacionais e de lazer dentro das empresas exclusivas para as mulheres
  • Como – através de benefícios fiscais por parte do governo às empresas que aderirem ao programa
  • Resultado – haverá a valorização concreta, inclusive remunerada, do trabalho de cuidado da mulher
  • Detalhamento – órgão federal responsável pelas relações de trabalho no Brasil

Redação completa sobre Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil

No Brasil, a escravidão representou um grande período de nossa história, sendo ainda mais forte e duradoura em torno da figura feminina. Mesmo após a abolição, em 1888, os trabalhos domésticos e de cuidado dos filhos continuaram relegados a mulheres, como uma espécie de acordo social tácito. Atualmente, apesar dos avanços significativos dos movimentos feministas, tais tipos de tarefas continuam primordialmente sendo responsabilidade dessas que foram definidas como sexo frágil. Nesse sentido, a figura feminina é prejudicada pelo número reduzido de oportunidades no mercado de trabalho, bem como pela falta de atividades sociais, de lazer e de autocuidado que a dupla jornada ocasiona.

Em primeiro lugar, é importante salientar como esse trabalho invisível de cuidado realizado no ambiente doméstico contribui para a sustentação do mundo capitalista. Sobre esse aspecto, a filósofa Silvia Federici, em sua teoria da reprodução social, cita justamente o papel da mulher como base de apoio para a estrutura de capital do mundo contemporâneo, uma vez que assim permite-se ao homem buscar mais oportunidades de desenvolvimento, de emprego e de negócios sem precisar preocupar-se com atividades do lar. Por conseguinte, a mulher continua marginalizada com tarefas não remuneradas e sequer valorizadas pelo sistema que ela própria sustenta.

Além disso, ao ser responsabilizada pela dupla jornada de trabalho que envolve cuidar dos filhos, da casa e, por vezes, do próprio companheiro, a mulher fica privada de atividades de lazer, de socialibização e até de educação. Dessa forma, sem conseguir tempo e recursos para o próprio desenvolvimento, acaba sendo alvo de uma escravidão velada que a mantém inerte diante da dificuldade de superar as amarras sociais que decaem sobre ela. Logo, para enfrentar esse cenário, mudanças drásticas que envolvem, especialmente, a luta contra a ideologia do patriarcado precisam acontecer para que ocorra a devida valorização desse tipo de trabalho feminino.

Portanto, cabe o Ministério do Trabalho — órgão responsável pelas relações de trabalho no Brasil — criar um sistema de remuneração para as horas de cuidado doméstico da mulher e promover atividades de lazer e educação específicas para elas. Isso pode ser feito através de uma parceria público-privada em que as empresas que aderirem ao programa receberão benefícios fiscais como compensação. Desse modo, o trabalho de cuidado da mulher, um dos pilares do mundo capitalista, será efetivamente valorizado, inclusive remunerado, pela própria estrutura econômica sustentada por ele.

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