Como fazer uma resenha crítica? Passo a passo simples

A cada 10 alunos, 9 já receberam como tarefa fazer uma resenha — o que caracteriza esse tipo de texto como um dos mais solicitados entre os professores. Mas como fazer uma?

A maioria dos professores não explica direito e poucas pessoas fazem a coisa certa, como um curso barato de escrita e redação com foco em trabalhos acadêmicos.

Escrito pelo professor André Gazola

André Gazola é professor de redação e língua portuguesa há 15 anos, foi avaliador de redações do ENEM por 3 anos e já levou centenas de alunos à aprovação em cursos concorridos como Medicina e Engenharia, em universidades federais e privadas. Além disso, foi orientador de artigos e TCCs em cursos de graduação por 4 anos e hoje é um grande entusiasta da inteligência artificial aplicada à educação. Atualmente produz conteúdo sobre redação para o Youtube, Instagram e Tiktok, além de gerenciar seus próprios treinamentos: o Meu Sonho de Redação e o ProfGPT.

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Então, nesse artigo, é isso que você vai aprender (além de poder baixar alguns modelos prontos).

Como um gênero textual, uma resenha é um texto em forma de síntese que expressa a opinião do autor sobre um determinado fato cultural, que pode ser um livro, um filme, peças teatrais, exposições, shows etc.

O fato é que 90% das pessoas chegam à faculdade sem saber como elaborar uma resenha com a mínima qualidade — aliás, a maioria nem sabe como usar o português corretamente.

Resposta rápida
Fazer uma resenha envolve escrever um texto que misture resumo com opinião. Ela costuma ter de 3 a 4 páginas digitadas — 130 a 160 linhas — e pode ser estruturada em 2 partes (resumo e depois opinião), ou então ser escrita de maneira a combinar esses dois elementos.

Outro ponto importante é que a resenha não é um texto acadêmico tão formal a ponto de precisar de citações ou referências. É um gênero mais livre em que o mais importante é o seu ponto de vista a partir do material que foi estudado.

O objetivo da resenha é guiar o leitor pelo emaranhado da produção cultural que cresce a cada dia e que tende a confundir até os mais familiarizados com todo esse conteúdo.

Como uma síntese, a resenha deve ir direto ao ponto, mesclando momentos de pura descrição com momentos de crítica direta. Portanto, o resenhista que conseguir equilibrar perfeitamente esses dois pontos terá escrito a resenha ideal.

O primeiro passo, claro, é não cometer erros de gramática. Você pode começar fazendo um bom curso de Língua Portuguesa.

No entanto, sendo um gênero necessariamente breve, é perigoso recorrermos ao erro de sermos superficiais demais.

Nosso texto precisa mostrar ao leitor as principais características do fato cultural, sejam elas boas ou ruins. Porém, não esqueça de argumentar em determinados pontos e nunca usar expressões como “Eu gostei” ou “Eu não gostei”, pois essa é uma característica o texto científico, aquele usado em TCC e artigos científicos.

As 3 qualidades de uma boa resenha

A resenha deve possuir as mesmas qualidades de estilo imprescindíveis a todo texto escrito, como: simplicidade, clareza, concisão, propriedade vocabular, precisão vocabular, objetividade e impessoalidade.

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Além disso, a resenha deve apresentar imparcialidade, atitude científica e privilegiar o essencial. Veja seguir.

Imparcialidade

Seja na defesa ou no ataque, o resenhista deve julgar as ideias da obra sem paixão. Ele deve posicionar-se criticamente como um juiz e apresentar tanto os aspectos positivos quanto os negativos da obra.

Isso significa não defender ou lado ou outro devido a motivos externos à obra (amizade com o autor, imposição de editoras, professores, colegas, etc.)

Cientificidade

A resenha, assim como todo trabalho acadêmico, deve ter cunho científico — veja mais sobre TCC, por exemplo. Ou seja, estar em conformidade com as exigências de objetividade e impessoalidade.

Privilegiar o essencial

Você deve falar apenas do que é mais importante na obra, pois seu leitor raramente estará interessado em muitos detalhes ou em partes menos importantes. Devido a isso, é necessário respeitar o tempo que ele está reservando para ler seu texto.

Saiba diferenciar os 3 tipos de Resenha

Até agora eu falei sobre as resenhas de uma forma geral e livre e esses dados são suficientes para você já esboçar alguns parágrafos.

Contudo, as resenhas apresentam algumas divisões que vale destacar.

A mais conhecida delas é a resenha acadêmica ou universitária, que apresenta moldes bastante rígidos, responsáveis pela padronização dos textos científicos. Ela, por sua vez, também se subdivide em resenha crítica, resenha descritiva e resenha temática.

A Resenha Crítica

Na resenha acadêmica crítica, os 8 elementos a seguir formam uma estrutura ideal para uma produção completa:

  1. Identifique a obra: coloque os dados bibliográficos essenciais do livro ou artigo que você vai resenhar;
  2. Apresente a obra: situe o leitor descrevendo em poucas linhas todo o conteúdo do texto a ser resenhado;
  3. Descreva a estrutura: fale sobre a divisão em capítulos, em seções, sobre o foco narrativo ou até, de forma sutil, o número de páginas do texto completo;
  4. Descreva o conteúdo: Aqui sim, utilize de 3 a 5 parágrafos para resumir claramente o texto resenhado;
  5. Analise de forma crítica: Nessa parte, e apenas nessa parte, você vai dar sua opinião. Argumente baseando-se em teorias de outros autores, fazendo comparações ou até mesmo utilizando-se de explicações que foram dadas em aula. É difícil encontrarmos resenhas que utilizam mais de 3 parágrafos para isso, porém não há um limite estabelecido. Dê asas ao seu senso crítico.
  6. Recomende a obra: Você já leu, já resumiu e já deu sua opinião, agora é hora de analisar para quem o texto realmente é útil (se for útil para alguém). Utilize elementos sociais ou pedagógicos, baseie-se na idade, na escolaridade, na renda etc.
  7. Identifique o autor: Cuidado! Aqui você fala quem é o autor da obra que foi resenhada e não do autor da resenha (no caso, você). Fale brevemente da vida e de algumas outras obras do escritor ou pesquisador.
  8. Assine e identifique-se: Agora sim. No último parágrafo você escreve seu nome e fala algo como “Acadêmico do Curso de Letras da Universidade de Caxias do Sul (UCS)”

A Resenha Descritiva

Na resenha acadêmica descritiva, os passos são exatamente os mesmos, excluindo-se o passo de número 5. Como o próprio nome já diz, a resenha descritiva apenas descreve, não expõe a opinião o resenhista.

A Resenha Temática

Finalmente, na resenha temática, você fala de vários textos que tenham um assunto (tema) em comum. Os passos são um pouco mais simples:

  1. Apresente o tema: Diga ao leitor qual é o assunto principal dos textos que serão tratados e o motivo por você ter escolhido esse assunto;
  2. Resuma os textos: Utilize um parágrafo para cada texto, diga logo no início quem é o autor e explique o que ele diz sobre aquele assunto;
  3. Conclua: Você acabou de explicar cada um dos textos, agora é sua vez de opinar e tentar chegar a uma conclusão sobre o tema tratado;
  4. Mostre as fontes: Coloque as referências Bibliográficas de cada um dos textos que você usou;
  5. Assine e identifique-se: Coloque seu nome e uma breve descrição do tipo “Acadêmico do Curso de Letras da Universidade de Caxias do Sul (UCS)”.

O outro tipo de resenha é aquele que serve para divulgar uma obra, simplesmente. Ele permite ao leitor tomar conhecimento do livro, filme ou artigo de que trata a resenha e, consequentemente, decidir se deseja lê-lo ou assisti-lo.

Esse tipo é muito comum quando referida a uma obra da literatura, o que constituirá uma resenha literária

Entenda como não cometer plágio

Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, garante ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou.

É devido a essa lei que ouvimos tanto falar em direitos autorais e plágio. Segundo ela, a reprodução ou contrafação de uma obra somente pode ser realizada mediante autorização do autor. É ele, o autor, que deve conceder expressamente a autorização para quem queira copiar integral ou parcialmente qualquer parte de sua obra, reproduzindo-a em qualquer meio, com fins lucrativos ou não.

Toda semana, na universidade em que dou aula, ouço casos de alunos que tiram nota zero em trabalhos e ainda passam pela vergonha de serem pegos por copiar trabalhos ou trechos de outras pessoas.

Muitos deles, eu sei, sequer sabiam que estavam cometendo um crime, mas o fizeram.

Siga estes 3 passos preliminares

Antes de iniciar a produção do texto há alguns passos importantes que você deve considerar para que a qualidade do seu trabalho possa atingir um patamar de excelência.

Leia a obra a ser resenhada

Chega a ser ridículo ter que colocar este ponto, mas já vi MUITA gente fazendo resenhas de livros que nunca leu, de filmes que nunca assistiu ou de palestras às quais não compareceu.

Soou familiar? É uma realidade crescente entre os estudantes universitários.

Mas você não pretende ser um desses, certo? Então o primeiro passo é conhecer o objeto que será resenhado.

Um detalhe importante: essa sua leitura deve ser rápida, com o objetivo de conhecer a obra como um todo. Portanto, não faça anotações e nem sublinhe nada.

Releia

Ok, você vai achar que estou exagerando. Porém, o fato é que na primeira leitura que fazemos de qualquer coisa há muitos elementos que passam despercebidos.

É nessa etapa que devemos, lentamente, analisar aspectos mais pontuais da obra que será alvo da resenha. Use a técnica de sublinhar, fazer esquemas com as ideias principais (tanto da obra quanto de cada capítulo) e tente estabelecer relações entre tudo isso.

Algo que eu faço e que ajuda muito: fazer perguntas e anotá-las no canto das páginas (se você estiver resenhando um material escrito, claro). Isso força você a pensar sobre o material que tem em mãos.

Pare para pensar

Muitos já começam a escrever a resenha logo após a leitura do material. ERRADO!

Você deve para um tempo para pensar sobre tudo, rever suas anotações, formar uma opinião e, quem sabe, até buscar outras fontes que tratem dos mesmos assuntos, para poder fazer contrapontos em seu texto.

Se possível, essa pausa deve durar mais de 24h, mas não ultrapasse as 72h para que as ideias não lhe fujam da memória.

Faça mais anotações e já tente formular os argumentos que utilizará em seu texto.

 O que fazer e o que não fazer

O que fazerO que não fazer
👍Reflita bastante sobre a obra que deve ser resenhada depois de tê-la lido, afinal uma resenha deve conter seu posicionamento pessoal.👎Evite escrever algo que seja totalmente descritivo, pois uma resenha, principalmente a crítica, deve ser um texto com vida.
👍Escreva um rascunho em tópicos que resumam seu pensamento e que você acha que devem constar na resenha.👎Nunca comece um texto sem antes organizar suas ideias e ter clareza sobre o que você quer.
👍Quando estiver escrevendo, confira se os tópicos que você elencou estão sendo usados no texto final.👎Nem pense em fazer cópias. Se precisar citar algum trecho, faça através de citações indiretas ou paráfrases.

Comece a escrever a resenha

Partindo de tudo que foi dito, talvez você já tenha uma boa ideia sobre o que escrever em sua resenha e até mesmo sobre a estrutura que deve seguir. Mas vamos falar especificamente de uma das perguntas que eu mais ouço dos alunos: Como começar uma resenha?

Há uma série de questões que você deve tentar responder em sua introdução. Veja:

  1. De que trata o livro?
  2. Ele tem alguma característica especial?
  3. De que modo o assunto é abordado?
  4. Qual é a tese do autor?
  5. Qual a intenção do autor?
  6. Que conhecimentos prévios são exigidos para entendê-lo?
  7. A que tipo de leitor se dirige o autor?
  8. O tratamento dado ao tema é compreensível?
  9. O livro foi escrito de modo interessante e agradável?
  10. As ilustrações foram bem escolhidas?
  11. O livro foi bem organizado?
  12. O leitor, que é a quem o livro se destina, irá achá-lo útil?
  13. Comparando essa obra com outras similares e com outros trabalhos do mesmo autor, a que conclusões chegamos?

Evidentemente, você não precisa responder a todas essas questões, sendo elas sugestões que você pode utilizar no início de sua resenha.

Atente para a escrita da conclusão

Outro ponto em que muitos têm dúvidas é na hora de escrever a conclusão. Aliás, esse é um conceito básico tratado em treinamentos de escrita e redação para todos os tipos de texto.

Esse espaço final da resenha serve para expor sua avaliação geral sobre a obra.

Até aqui você já deve ter discutido os argumentos do autor e como ele os defende, assim como ter avaliado a qualidade e a eficiência de diversos aspectos do livro ou artigo.

Agora é o momento de avaliar o trabalho como um todo. Determine coisas como se o autor conseguiu ou não atingir os objetivos propostos e se a obra contribui de maneira significante para a área de conhecimento da qual faz parte.

Ao escrever a conclusão, você pode considerar as seguintes perguntas:

  • A obra usa graus de objetividade ou subjetividade apropriados à proposta inicial do autor?
  • O autor consegue manter o foco da obra, sem incorrer em excesso de opinião própria ou falta de fontes que comprovem seus argumentos?
  • Em algum momento o autor deixa de considerar aspectos relevantes de sua área, como outros pontos de vista ou teorias contrárias às dele?
  • O autor conseguiu atender aos objetivos a que se propôs ao iniciar a obra?
  • Que contribuições a obra traz para sua área de conhecimento ou grupo específico de leitores?
  • É possível justificar o uso dessa obra no contexto em que foi indicada (uma disciplina da universidade, por exemplo)?
  • Qual o comentário final mais importante que você faria a respeito dessa obra?
  • Você tem sugestões para futuras pesquisas nessa área?
  • De que maneiras ler/assistir essa obra contribuiu para sua formação?

Perguntas e Respostas

Quantos parágrafos tem uma resenha?

O tamanho do seu texto pode variar muito, principalmente de acordo com o material que você estiver resenhando.

Por isso, não há regra quanto ao número de parágrafos. Porém, se você estiver escrevendo uma resenha para a faculdade, por exemplo, dificilmente você deve pensar em menos do que 3 páginas do Word, o que daria entre 10 e 15 parágrafos, aproximadamente.

Como fazer a resenha de um texto acadêmico?

Quando falamos de textos acadêmicos, pouca coisa muda em relação aos demais tipos de materiais (livros, filmes, palestras, etc.).

Você deve considerar, no entanto, que um texto acadêmico deve ser impessoal — seus verbos nunca serão escritos em primeira pessoa (eu, nós).

Leia mais: Aprenda a usar os verbos de modo impessoal.

Portanto, ao resenhar esse tipo de texto, siga as dicas já expostas acima. No entanto, tenha um cuidado ainda maior com a linguagem e atente para as normas da ABNT.

Preciso escrever quantas páginas?

Como já dito, depende muito da sua fonte. Não há regra fixa, mas tente nunca ficar abaixo das três páginas do Word.

Baixe estes Modelos de Resenhas

Se você busca modelos prontos para ter uma ideia de como cada tipo de resenha deve ser, você pode acessar meu outro artigo sobre o assunto, em que vários modelos em PDF estão disponíveis para download:

Clique aqui e encontre modelos de resenhas dos mais variados tipos para download em PDF

Conclusão

Fazer uma resenha parece muito fácil à primeira vista. Apesar disso, devemos tomar muito cuidado, pois dependendo do lugar, resenhistas podem fazer um livro mofar nas prateleiras ou transformar um filme em um verdadeiro fracasso.

As resenhas são, além de um ótimo guia para os apreciadores da arte em geral, uma ferramenta essencial para acadêmicos que precisam selecionar quantidades enormes de conteúdo em um tempo relativamente pequeno.

Agora é questão de colocar a mão na massa e começar a produzir suas próprias resenhas!

Referências

Capa do Livro Leitura e Produção de Textos, de Lucie Didio - Melhore seu conhecimento e vá além da Resenha

Boa parte desse artigo é baseada em minhas experiências como aluno e professor universitário.

Porém, há um livro que me serviu de inspiração e guia para sua elaboração. É uma obra que, para mim, não tem comparação quando o assunto é a produção de textos, abordando todos os aspectos principais necessários para quem deseja escrever bem.

Leitura e produção de textos, da Lucie Didio, usa um método eficiente e eficaz que habilita qualquer usuário da Língua Portuguesa a aperfeiçoar seus conhecimentos sobre comunicação, raciocínio, leitura e escrita.

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